domingo, 21 de setembro de 2008

DT ou BTT??

Uma das minhas grandes paixões, sendo ao mesmo tempo também prazer da vida, sempre foi o BTT. Já desde 1996 que pratico este desporto que tem por virtude o pleno contacto com a natureza em harmonia com as tão desejadas "emissões zero" no que toca ao meio de transporte utilizado para a prática desta modalidade. Enquanto "bicicleteiro" como muitos já me chamaram, já vivi situações estranhas em que no meio de nada enquanto percorria terrenos aparentemente calmos dava de caras com montes de adeptos do motocross e de todo-o-terreno que por vezes nem a segurança deles respeitam, muito menos a dos outros...
Actualmente e com esta história toda da escassez dos combustíveis e dos preços elevados dos mesmos, tenho constatado pela cidade do Porto (mui nobre e invicta cidade) ao aumento de pessoas que cada vez mais utilizam a bicicleta para se deslocar para o emprego. Naturalmente que esta situação não se pode aplicar a todos os tipos de empregos, mas pelo menos os que não exijam grandes distâncias a percorrer e desníveis topográficos suaves para os trabalhadores, têm todo o potencial para serem empregos mais amigos da saúde e do ambiente.
Passo entretanto a transcrever um artigo bastante interessante e que saiu já há alguns anos numa revista bem conhecida de todos os praticantes de BTT nacionais.


"Quando eu tinha 15 ou 16 anos também era fanático por motos. Tinha, nessa altura, uma acelera "Motobecane" com pedais e o meu principal passatempo era "artilhar" o motor para esta frágil motoreta andar mais depressa. O objectivo principal era conseguir que andasse mais do que as Vespa! Fazia barulho que se fartava e não passava dos 70km/h. Mas eu sentia-me feliz. Hoje, com 33 anos, prefiro andar na minha mais ecológica bicicleta de montanha.
Chamem-me velho ou chato, ou mesmo as duas coisas, mas quando vejo grupos de adolescentes montados nas suas "DT's" fumegantes e ruidosas a combinar mais um passeio com as respectivas namoradas, lembro-me sempre das minhas idas à Holanda ou à Alemanha, onde dá gozo ver o pessoal novo ir tranquilamente para o liceu de bicicleta; e, perdoem-me o machismo, não há nada mais charmoso do que uma rapariga bonita em cima de uma "pasteleira". As raparigas dirão o mesmo dos rapazes. É certo que certas zonas destes países do Norte da Europa são mais planas que Portugal e estão preparadas com caminhos próprios e estacionamentos adequados para tratar os ciclistas como verdadeiros utentes das vias públicas, mas também não deixa de ser verdade que em Portugal ainda existe o culto um pouco parolo das motas e dos carros. De tudo o que tenha motor.
Porque é que os nossos jovens, felizmente cada vez mais preocupados com a defesa do meio ambiente, não mudam de hábitos e passam a achar o máximo ir para o liceu ou passear com a namorada de bicicleta, em lugar de ir para a estrada nas suas motorizadas. É mais saudável, não polui o ar, não faz barulho e não gasta gasolina! E se não têm onde guardar as bicicletas no liceu, porque não exigir juntos dos Concelhos de Administração (julgo que é assim que se chamam) que estes criem parques de estacionamento específicos para bicicletas.
Se todos passarem a olhar para a bicicleta com um meio de transporte alternativo e não como um brinquedo de miúdos, talvez seja possível dentro de pouco tempo chegar a uma esplanada e ver jovens com ar saudável, sem capacetes a tapar-lhes a cara, com as suas "burras" paradas ao lado. E o sucesso no campo das conquistas é garantido, pois os rapazes ficam com as pernas mais fortes e as raparigas perdem aquele "rabinho" a mais que lhes estava a estragar os planos para o Verão. É só vantagens! Por isso, já sabem, tudo se resume a uma questão de T's. DT ou BTT?? A escolha é vossa. Nós já optámos; a palavra BTT é muito mais sonante..."
Pedro Carvalho

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